MENSAGEM PONTIFÍCIA
DE SUA SANTIDADE O
PAPA ANTÔNIO
PAPA ANTÔNIO
POR OCASIÃO DO DIA DE
SANTO ANTÔNIO
ANTONIVS, EPISCOPVS
SERVVS SERVORVM DEI
AD PERPETVAM REI MEMORIAM
A todos os membros de nossa Comunidade, bispos, sacerdotes, diáconos e leigos, e a todos que lerem estas letras, saudação e benção apostólica.
1. Neste dia de júbilo e memória, volto-me com o coração agradecido à figura luminosa de Santo Antônio de Pádua, cuja santidade ultrapassou os séculos, os idiomas e as fronteiras, tornando-se um verdadeiro tesouro espiritual da Igreja universal.
Santo Antônio — lisboeta de origem, franciscano por vocação, e padovano por destino providente — permanece como um farol de sabedoria evangélica, de amor aos pobres e de zelo incansável pela verdade. Sua vida, curta em anos mas imensa em frutos, continua a inspirar o coração dos fiéis, que a ele recorrem com confiança nas coisas pequenas e nas grandes, nas perdas cotidianas e nas dores mais profundas da alma.
2. Neste contexto, permito-me partilhar convosco uma nota pessoal: o nome Antônio, que assumi como Sucessor de Pedro, já não é para mim apenas uma referência simbólica ou devocional. Com o passar do tempo, tornou-se um espelho silencioso que me interpela, uma lembrança constante das virtudes que resplandeceram na vida deste servo de Deus. Seu nome me acompanha, não como ornamento, mas como invocação. Há uma misteriosa força no santo que consola os aflitos, ilumina os confusos e protege os mais frágeis da fé. Carrego com reverência essa devoção, que se aprofundou no exercício diário do ministério petrino.
3. Na figura de Santo Antônio, a Igreja contempla a síntese harmoniosa entre doutrina e humildade, entre contemplação e ação. Ele foi teólogo de grande profundidade e, ao mesmo tempo, homem do povo, que sabia falar ao coração dos simples. Pregava com firmeza, mas com mansidão; conhecia as Escrituras, mas não se afastava da realidade concreta dos sofredores. Onde havia divisão, levava reconciliação. Onde havia ruído, semeava paz. Onde o erro se alastrava, oferecia a verdade com clareza e caridade.
4. Hoje, num tempo marcado por tantas formas de dispersão interior e superficialidade espiritual, o testemunho de Santo Antônio ressurge como uma voz que convida à centralidade da Palavra de Deus, à coerência de vida e à compaixão pelos que sofrem. Sua vida nos recorda que a santidade não é apenas feita de grandes gestos, mas de fidelidade no ordinário, de generosidade nos pequenos serviços, de coragem silenciosa diante dos desafios do Evangelho.
Neste dia de festa, dirijo uma saudação especial a todos os devotos de Santo Antônio — religiosos, sacerdotes, fiéis leigos, confrarias e missionários — que encontram neste santo não apenas um intercessor eficaz, mas um verdadeiro amigo espiritual. Saúdo também, com afeto particular, as Igrejas Particulares que obtém paróquias, santuários ou capelas por nome de Antônio. Que guardam com zelo a herança da sua presença.
5. A todos vós, exorto a não temerem a radicalidade do Evangelho. Que Santo Antônio vos ajude a redescobrir a beleza de uma fé simples, firme e alegre. Que vos ensine a amar a Igreja com ternura filial, a escutar a Palavra com reverência e a servir os pobres com mãos generosas. Que ele continue sendo, na vida de cada fiel, modelo de verdade, chama de esperança e instrumento de paz.