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Catequese Dominical | Oração do Angelus


ANGELUS

06.04.2025 
V Domingo da Quaresma

1. Meus irmãos e irmãs,

Poucas cenas nos Evangelhos revelam tão claramente o coração de Jesus como essa que ouvimos hoje. A mulher é trazida até Ele não como alguém que precisa de ajuda, mas como uma isca para uma armadilha. Os fariseus e os mestres da Lei, preocupados mais com regras do que com vidas, querem colocar Jesus em contradição. E para isso, usam uma pessoa — uma mulher ferida, humilhada, exposta publicamente.

2. Mas diante disso, Jesus não reage com pressa. Ele se abaixa. Ele escreve no chão. E aqui começa a grande lição teológica: Deus nunca responde à dureza com pressa. Ele responde com paciência, com silêncio, com sabedoria.

3. O que Jesus escreveu no chão? Não sabemos. E talvez seja melhor assim. A Tradição gosta de imaginar que Ele escreveu os pecados dos acusadores, ou até um versículo da Escritura. Mas o mais bonito é perceber que Ele não responde ao pecado com palavras afiadas — responde com um gesto de quem pensa, de quem contempla, de quem não quer machucar mais quem já está ferido.

E então vem a frase:
"Quem dentre vós não tiver pecado, atire a primeira pedra."

4. Aqui, Jesus não ignora o pecado. Ele não diz que está tudo certo. Mas Ele desloca o foco: do pecado da mulher para a hipocrisia dos que a condenam. É como se dissesse: “Antes de jogar a pedra, olha para dentro. O que você vê aí?”

5. E um por um, os acusadores vão embora. Começando pelos mais velhos. Talvez porque, com a idade, vem a consciência mais nítida das nossas fraquezas. Jesus, então, se vê sozinho com a mulher. E essa é uma das imagens mais lindas do Evangelho: o Santo com a pecadora, não para condená-la, mas para restaurá-la.

Ele pergunta:
"Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?"
"Ninguém, Senhor."
"Eu também não te condeno. Vai, e não peques mais."

6. Repare bem: Jesus a chama de mulher — e não de adúltera. Ele não a rotula. Ele não a define pelo erro. E isso é uma lição profunda: Deus nunca nos resume ao nosso pior momento. Ele nos olha pelo que podemos ser, e não apenas pelo que fomos.

7. O “vai” de Jesus é libertador. Ele não diz: “fique aí pensando no que fez”, nem: “viva com essa culpa pelo resto da vida”. Ele diz: “Vai” — siga em frente. Levante-se. Recomece. Mas com uma direção nova: “não peques mais.”

8. Esse “não peques mais” é mais que um conselho moral. É um chamado à dignidade. Jesus não apenas perdoa, Ele devolve àquela mulher a capacidade de viver como filha de Deus, como alguém que pode trilhar um novo caminho. Isso é o que a teologia chama de graça restauradora. Deus não só tira a culpa; Ele restitui a dignidade.

9. E isso nos ensina muito sobre como deve ser também a nossa relação com os outros. Muitas vezes, somos rápidos para julgar, para taxar, para definir alguém por um erro. Mas quem segue Jesus aprende uma nova lógica: não é o erro que define a pessoa, é a resposta que ela dá ao amor de Deus.

10. Esse Evangelho nos mostra que o Reino de Deus não é construído por gente perfeita, mas por gente resgatada. Gente que errou, mas que deixou-se tocar por essa misericórdia que transforma. Porque, no fundo, todos nós somos essa mulher. Todos nós já estivemos, em alguma medida, de pé diante de Deus, com culpas que não sabíamos como resolver. E em todos esses momentos, o Senhor não nos jogou pedras — Ele nos deu um novo começo.

11. E é isso que faz da fé cristã algo tão único: não seguimos um Deus que elimina os pecadores, mas um Deus que morre por eles. Um Deus que, na cruz, mostra que o amor vai mais longe do que a Lei, e que o perdão é mais forte que a condenação.

12. Meus irmãos, à medida que nos aproximamos da Semana Santa, que essa palavra nos ajude a deixar de lado as pedras — e a acolher, com coragem e confiança, o perdão que nos restaura. Que aprendamos com Jesus a ser instrumentos da mesma misericórdia que nos salvou.

Amém.

 Antonivs, Pp.
Pontifex Maximvs