INTRODUÇÃO
PROÊMIO
A celebração litúrgica ocupa lugar central na vida da Igreja, sendo o ponto culminante de sua missão evangelizadora e a fonte inesgotável de santificação do povo de Deus. Nesta, os fiéis têm um encontro profundo com Cristo, por meio da Palavra, dos sacramentos e da vida comunitária.
A liturgia, em sua riqueza espiritual e simbólica, necessita de elementos que expressem sua dignidade e auxiliem os fiéis a entrarem em comunhão plena com o mistério celebrado. Entre esses elementos destacam-se os cantos litúrgicos, as vestes sagradas e a ornamentação dos espaços litúrgicos, que, juntos, contribuem para a solenidade e a beleza da celebração.
Este Diretório visa oferecer orientações claras e normativas sobre esses aspectos, garantindo que cada um deles seja realizado com a devida reverência, em conformidade com as tradições da Igreja e as disposições do magistério. Assim, busca-se promover uma experiência litúrgica autêntica, capaz de elevar o coração dos fiéis a Deus e edificar a comunidade de forma harmônica e ordenada.
Que este Diretório seja um instrumento valioso para sacerdotes, ministros, músicos e todos os envolvidos no serviço litúrgico, inspirando-os a realizar com zelo e santidade as funções que lhes foram confiadas.
Art. 1º - Cantos Litúrgicos:
Natureza e Finalidade: Os cantos litúrgicos são elementos essenciais da celebração, destinados a glorificar a Deus e santificar os fiéis. Eles devem estar em consonância com o tempo litúrgico, o rito celebrado e a espiritualidade da assembleia.
Escolha dos Cantos:
Devem ser prioritariamente selecionados cantos com textos aprovados pela Igreja, extraídos do Gradual Romano, Gradual Simples ou outros repertórios reconhecidos.
A melodia deve favorecer a participação ativa dos fiéis, sendo acessível, mas sem comprometer a solenidade.
Cantos Próprios de Cada Celebração:
Durante a Santa Missa, certos cantos possuem caráter imutável e são centrais à celebração, como o Glória, o Credo, o Sanctus e o Agnus Dei, que não devem ser alterados ou substituídos.
O Salmo Responsorial deve sempre respeitar o texto aprovado, sem adaptações que alterem seu conteúdo teológico.
Para celebrações específicas, como batismos, matrimônios ou funerais, os cantos devem respeitar as diretrizes litúrgicas pertinentes.
Instrumentação e Execução:
Os instrumentos musicais utilizados devem respeitar a dignidade e a sacralidade do momento litúrgico, sendo recomendáveis o órgão e outros instrumentos que favoreçam o ambiente de oração.
Evita-se o uso de estilos musicais incompatíveis com o caráter sagrado da liturgia, como ritmos excessivamente profanos ou que distraiam a assembleia.
Recomendações para Músicos:
Os responsáveis pelo canto e pela música devem ser devidamente preparados, tanto tecnicamente quanto espiritualmente, para desempenharem sua função com competência e devoção.
O silêncio também é parte integrante da liturgia; por isso, deve-se evitar preencher todos os momentos com música, permitindo espaços para a meditação e a oração.
Art. 2° - Vestes Litúrgicas:
Vestes do Celebrante:
Casula: É recomendada para o celebrante em todas as Missas públicas, tanto semanais quanto dominicais, para destacar a solenidade do ato litúrgico.
Estola: Esta poderá ser utilizada para a co-celebração, todavia o celebrante sempre deve atender os critérios de utilizar a casula.
Outras Vestes:
Dalmática: Reservada ao diácono durante as celebrações litúrgicas.
Alva: Veste comum a todos os ministros, utilizada sempre em conjunto com as demais vestes apropriadas.
Pluvial: Usada em celebrações não eucarísticas, como procissões e adoração eucarística.
Cores Litúrgicas:
A escolha da cor segue o tempo litúrgico e a celebração: branco, verde, vermelho, roxo, entre outras.
Conservação e Decoro:
As vestes devem ser mantidas limpas e bem conservadas, refletindo o respeito devido ao serviço litúrgico.
O uso de vestes inadequadas ou fora das normas litúrgicas é estritamente proibido.
Art. 3º - Ornamentação:
Finalidade da Ornamentação: A ornamentação dos espaços litúrgicos deve favorecer a oração, a participação ativa e o clima de reverência durante a celebração. Ela deve ser realizada com sobriedade e bom gosto, evitando exageros ou elementos que desviem a atenção do mistério celebrado.
Altares e Ambão:
O altar, centro da celebração eucarística, deve ser ornamentado com dignidade, utilizando toalhas e as velas com o crucifixo.
Ressaltamos a proibição de depositar sobre o altar qualquer objeto que esteja fora dos elementos utilizados na Santa Missa, como vaso de arranjos dentro outros.
O ambão, destinado à proclamação da Palavra de Deus, deve ser reservado exclusivamente para este fim, sem ornamentos que o descaracterizem.
Flores e Decoração:
As flores podem ser utilizadas para adornar o espaço litúrgico, desde que com moderação e de acordo com o tempo litúrgico. Durante o Advento e a Quaresma, recomenda-se simplicidade.
Velas e Iluminação:
As velas, sinal de Cristo luz do mundo, devem ser dispostas com decoro no altar e em outros locais apropriados.
A iluminação deve ser planejada para destacar os elementos essenciais da celebração, criando um ambiente acolhedor e sacro.
Imagens e Objetos Sacros:
As imagens de santos e os objetos sacros devem ser dispostos de forma que inspirem devoção e respeito, evitando sobrecarga visual.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este Diretório pretende ser um guia prático e normativo para que todos os aspectos relacionados aos cantos, vestes e ornamentação sejam realizados com a devida dignidade e em conformidade com a tradição litúrgica da Igreja. Que, por meio do zelo e da observância dessas orientações, nossas celebrações sejam cada vez mais capazes de refletir a glória de Deus e edificar espiritualmente o povo de Deus.
Sendo assim, estimados irmãos, tendo isto como norte decretamos que tudo aqui prescrito seja obrigatoriamente utilizado e respeitado de acordo com as diretrizes estabelecidas neste decreto.
Por fim, rogamos e pedimos a Santíssima Virgem Maria, sua intercessão para trabalharmos de forma prática e eficaz, afim de manter a organização para os fins Litúrgicos, enquanto servidores do Reino de Deus.
† Pedro Schneider Card. Parolin, FSJPII
Prefeito do Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos