CATEQUESE SETTIMANALE
SUA SANTITÀ ANTONIO
Praça de São Pedro, 14 de Março de 2025.
Queridos irmãos em Cristo,
1. Estamos em pleno tempo da Quaresma, um tempo abençoado que Deus nos oferece para renovar o nosso coração e a nossa vida. Às vezes, podemos passar por esse período apenas como uma obrigação, ou por costume, mas a Quaresma é muito mais que isso. Ela é um convite de Deus para voltarmos o nosso olhar para Ele e para a nossa própria vida, com a intenção de crescermos no amor, na fé e na misericórdia. Não é tempo de tristeza, mas de renovação.
2. Quaresma é um período em que somos chamados a nos converter, a dar mais atenção àquilo que realmente importa. E como podemos fazer isso? A Igreja nos apresenta três caminhos essenciais: oração, jejum e esmola. Esses três pilares são o que sustentaram nossa caminhada durante esses 40 dias, e é sobre eles que gostaria de refletir com vocês hoje.
3. A oração é o primeiro e mais importante passo. O Senhor nos convida a estar com Ele, a buscar a Sua presença em nossos corações. Mas, muitas vezes, a oração se torna algo mecânico, repetitivo, sem profundidade. É fácil deixar que a rotina nos absorva e nos afaste do verdadeiro sentido da oração, que não é só falar, mas principalmente escutar.
4. A oração é o espaço onde encontramos Deus, e é também onde Ele nos encontra. Não importa a forma ou o lugar, mas a disposição do coração. Jesus nos ensina a orar com sinceridade, sem procurar algo para os outros. Ele diz: “Quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora a teu Pai em segredo” (Mateus 6,6). A oração é um encontro pessoal com Deus, é o lugar onde abrimos nosso coração para Ele.
5. Neste tempo de Quaresma, somos convidados a intensificar nossa vida de oração, para nos entregar mais a esse diálogo com Deus. Talvez, ao longo do ano, a correria do dia a dia tenha tirado de nós a capacidade de parar e rezar com mais calma. A Quaresma é uma oportunidade para recomeçar, para voltar ao essencial: a oração sincera e tranquila. E essa oração, mesmo que simples, é poderosa, porque é uma abertura do coração à graça de Deus.
6. O jejum é outra prática importante da Quaresma. Mas, muitas vezes, o entendemos de forma superficial, como se fosse apenas uma dieta ou uma abstenção de algum prazer. Claro que o jejum inclui isso, mas é muito mais profundo. O jejum é uma forma de libertar o coração das coisas que nos escravizam.
7. Jesus nos ensina que não vivemos apenas de pão, mas de toda palavra que sai da boca de Deus (Mateus 4,4). É exatamente isso que o jejum nos ajuda a entender: que as coisas materiais não são o centro da nossa vida. O jejum é uma oportunidade para aprendermos a renunciar ao que nos desvia do verdadeiro sentido da vida, para criar espaço para o essencial.
8. Quando jejuamos, não estamos apenas deixando de comer alguma coisa, mas escolhemos viver de forma mais simples e mais focada. Estamos nos afastando das distrações e buscando nos aproximar mais de Deus. Esse tempo de jejum é um convite para dominarmos nossos impulsos e buscarmos aquilo que realmente nos faz bem: a graça de Deus, a paz, a solidariedade, o amor ao próximo.
9. O jejum não é um sacrifício vazio, mas uma forma de nos lembrar de que somos livres para escolher o que é bom e o que nos aproxima de Deus. A Quaresma é tempo de rever nossas prioridades e fazer escolhas mais conscientes.
10. Esmola é outra prática importante durante a Quaresma. Mas, mais uma vez, não podemos ver a esmola apenas como um ato de dar dinheiro. Esmola é uma atitude de amor concreto. Não basta sentirmos compaixão por quem sofre; é preciso agir. O amor precisa se tornar visível em nossos gestos.
11. A esmola nos ensina um olhar ou outro de maneira diferente. Muitas vezes, estamos tão preocupados com nossas próprias vidas que não percebemos as necessidades do nosso tempo. Na Quaresma, somos convidados a sair de nós mesmos e a prestar atenção ao sofrimento dos outros, seja físico, emocional ou espiritual.
12. A Palavra de Deus nos fala claramente sobre isso. Em Isaías, encontramos o verdadeiro sentido do jejum e da esmola:
“Este é o jejum que agrada a Deus: repartir o pão com quem tem fome, acolher os pobres em casa, vestir quem está nu, socorrer os necessitados” (Isaías 58,6-7).
13. A verdadeira esmola, portanto, é mais do que um gesto pontual. Ela é uma atitude de vida, é uma prática constante de estar atento às necessidades do outro e de agir com generosidade. A Quaresma nos lembra que nossa fé precisa se traduzir em ações concretas. O amor de Deus, que recebemos gratuitamente, deve ser compartilhado com os outros.
14. Queridos irmãos e irmãs, a Quaresma é um ritmo maravilhoso de graça. Não é tempo de tristeza, mas de renovação. Deus nos dá esse período para que possamos crescer mais na oração, no jejum e na esmola, para nos tornarmos mais semelhantes a Ele, mais focados no que realmente importa.
15. É tempo de conversão, e isso não significa apenas mudar de comportamento, mas mudar de coração. A Quaresma nos chama a abrir nosso coração para Deus, a deixar que Ele nos transforme e nos torne mais generosos, mais compassivos, mais atentos ao outro e as necessidades inerentes.
16. Que possamos viver esses dias com um coração aberto, buscando mais profundamente o Senhor em nossa oração, fazendo escolhas que nos libertem das distrações do mundo e nos tornem mais generosos e amorosos com aqueles que mais precisam. Deus está conosco nessa caminhada, e Ele nos acompanha com Sua graça e misericórdia.
17. Que Nossa Senhora, mãe de todos nós, nos ajude a viver bem este tempo da Quaresma e nos conduza até a Páscoa, onde celebraremos a vitória da vida sobre a morte, do amor sobre o pecado.