ENCÍCLICA PAPAL
AMOR CORDIS IESU
DE SUA SANTIDADE O
PAPA ANTÔNIO
SOBRE A MISSÃO DO SACERDÓCIO
ANTONIUS, EPISCOPUS
SERVUM SERVORUM DEI
AD PERPETUAM REI MEMORIAM
Aos estimados irmãos presbíteros, e a todos os que lerem estas letras, saudação e benção apostólica.
INTRODUÇÃO
PROÊMIO
1. “O sacerdote é o amor do coração de Jesus.” Estas palavras, tão carregadas de significação, pronunciadas por São João Maria Vianney, padroeiro de todos os sacerdotes, refletem uma realidade profunda: o sacerdote é chamado a ser a presença viva e amorosa do próprio Cristo entre nós. Ele é o mediador entre Deus e os homens, um canal de graça e misericórdia que, como o Bom Pastor, dá a sua vida pelas ovelhas.
O SACERDÓCIO ANTIGO
2. Desde os primórdios, Deus escolheu homens para exercerem funções sacerdotais e servirem como intercessores pelo povo. Abraão, o pai na fé, ofereceu sacrifícios ao Senhor em obediência e confiança, e seu exemplo aponta para a vocação sacerdotal como uma entrega total a Deus. Melquisedeque, sacerdote do Deus Altíssimo, ofereceu pão e vinho, antecipando o sacrifício eucarístico de Cristo (cf. Gn 14,18).
3. Moisés, por sua vez, foi mediador da Aliança entre Deus e Israel, subindo ao Monte Sinai para interceder por um povo frequentemente infiel (cf. Ex 19,3-6). Mas foi Aarão e seus descendentes que Deus escolheu especificamente para exercerem o sacerdócio no templo, indicando que esta vocação é, acima de tudo, um chamado divino, não uma escolha humana.
4. O profeta Isaías, quando teve a visão do Senhor no templo, ouviu a voz divina perguntar: “Quem enviarei?” e respondeu: “Eis-me aqui, envia-me!” (Is 6,8). Esta prontidão caracteriza a alma sacerdotal: o desejo ardente de servir ao Senhor e ao seu povo.
5. Na plenitude dos tempos, Deus revelou o sacerdócio perfeito em seu Filho, Jesus Cristo, o Sumo Sacerdote eterno. Como nos ensina a Carta aos Hebreus, Ele não entra em santuários feitos por mãos humanas, mas no próprio céu, oferecendo-se uma vez por todas como vítima pura, santa e imaculada (cf. Hb 9,11-12).
A MISERICÓRDIA DO CORAÇÃO DE JESUS
6. A misericórdia é o centro da missão sacerdotal, porque o Coração de Cristo é um Coração cheio de compaixão pelos pecadores. O sacerdote, como representante de Cristo, é chamado a ser um instrumento de perdão, de cura e de reconciliação. Através do sacramento da Penitência, ele oferece aos fiéis o perdão de Deus, anunciando-lhes a alegria da salvação. A misericórdia não é apenas um gesto de caridade, mas uma atitude profunda que deve marcar a vida do sacerdote em todas as suas ações.
7. O Papa Francisco, ao convocar o Ano Jubilar da Misericórdia, lembrou a todos nós que a Igreja é chamada a ser um "hospital de campo", onde os doentes são acolhidos e curados. O sacerdote, como ministro da misericórdia, deve estar atento às necessidades espirituais de cada pessoa, oferecendo a palavra de consolo e a graça da absolvição. Ele não deve julgar, mas, imitando o próprio Cristo, deve acolher com ternura os pecadores, auxiliando-os a se reconciliarem com Deus e com a Igreja.
AS NOVAS 'MARÉS' DO TEMPO ATUAL
8. A missão sacerdotal, embora imutável em sua essência, enfrenta desafios únicos no mundo moderno. Em uma sociedade marcada pelo secularismo, pelo relativismo e pela busca incessante de prazeres passageiros, o sacerdote é chamado a ser uma luz em meio às trevas, a testemunhar com coragem a verdade do Evangelho, que é a única que pode libertar o homem verdadeiro de sua escravidão ao pecado.
9. O sacerdote, por sua vez, deve ser particularmente sensível às questões pastorais do nosso tempo, como a crise de fé, os problemas familiares, a busca por sentido na vida e a busca incessante por uma identidade. O sacerdote deve ser cuidadoso ao oferecer a verdade com amor, sempre respeitando a dignidade de cada pessoa, e nunca cedendo à tentação de agradar ao mundo em detrimento da fidelidade ao Evangelho.
10. O Papa Bento XVI dizia, que a igreja "precisa se opor as novas marés", que muitas vezes trazem uma renovação errônea para o seio da igreja. A tradição apostólica que recebemos dos apóstolos deve permanece imutável, como contínua ação missionária do Espírito Santo, que permanece junto da Igreja para dar o auxílio e as carências que a igreja obtém. Portanto, os padres devem ouvir e buscar sempre mais aquilo que nos diz o Magistério, trazendo os costumes e ações primitivas para o nosso tempo.
DEVOÇÃO AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS
11. A devoção ao Sagrado Coração de Jesus é uma fonte inesgotável de santificação para os sacerdotes. Por meio dela, os ministros ordenados são chamados a renovar seu compromisso de doação total, inspirando-se na obediência, humildade e misericórdia do Redentor.
12. "Aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração" (Mt 11,29). Estas palavras ressoam como um convite permanente aos sacerdotes para imitarem as virtudes do Coração de Jesus. A mansidão e a humildade são a base da verdadeira liderança pastoral, que não se impõe pela força, mas guia com amor.
13. O Coração de Cristo, fonte de amor e consolação, deve ser o refúgio e a força do sacerdote em meio às dificuldades do ministério. Na oração e na contemplação, os sacerdotes encontram descanso e renovação para enfrentar as exigências da missão.
REFLEXO DE VIDA CRISTÃ
14. A vida sacerdotal deve ser profundamente ancorada na oração. É no diálogo constante com Cristo que o sacerdote encontra a força para superar as dificuldades e para crescer na santidade.
15. Inspirados pela devoção ao Sagrado Coração, os sacerdotes são convidados a oferecer suas vidas como reparação pelos pecados do mundo e pela santificação do povo de Deus. Essa missão reparadora, unida ao Coração transpassado de Jesus, é fonte de fecundidade espiritual.
16. A Eucaristia, centro da vida sacerdotal, é o lugar privilegiado onde o sacerdote se une intimamente ao Coração de Cristo. A celebração do Sacrifício Eucarístico não é apenas um ato litúrgico, mas o momento de maior união entre o coração do sacerdote e o Coração de Jesus.
17. E para nossa comunidade, a palavra proclamada durante a Santa Missa é necessária, que nos liga as coisas do Alto, pois o Evangelho é o ápice da evangelização virtual.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
18. Por fim, convidamos todos os sacerdotes a contemplarem o Coração de Jesus como modelo e fonte de sua vocação. Que o amor de Cristo inspire uma renovação espiritual em seus corações, levando-os a servir com alegria, dedicação e generosidade.
19. Pedimos a intercessão da Bem-Aventurada Virgem Maria, Mãe do Sumo e Eterno Sacerdote, para que acompanhe e proteja todos os sacerdotes no caminho de sua vocação, conduzindo-os sempre ao Coração de Seu Filho.
Dado e Passado em Roma, junto a São Pedro, aos onze dias do mês de dezembro do ano do Senhor de 2024, primeiro de meu pontificado.